07 julho 2005

Arraial de São Pedro

Devo confessar que as festas e arraiais nos santos populares, sempre me trouxeram, para além de alegria, uma óptima energia que me puxa para ambientes familiares.
A noite de Santo António sempre teve mais significado para mim, por ser a festa do santo padroeiro da aldeia onde nasci, e este ano não foi excepção, passei a noite no petisco com a família e amigos numa grande animação; houve procissão, banda de música, quermesse, bailarico e fogo de artifício.
Depois da estranha noite de São João que já vos contei uma fantástica e exuberante noite de São Pedro.
Um amigo convidou-me para um jantar arraial de São Pedro em Sintra, no famoso bar da Nela, aceitei o convite.
Gostei do ambiente assim que cheguei. Era uma típica casa portuguesa com certeza... fazia lembrar uma casa alentejana, de um só piso, caiada de branco e com as ombreiras das portas e janelas pintadas de azul ferrete. Um quintal em frente à casa estava transformado em esplanada com várias mesas postas para o jantar, enfeitado com bandeirinhas e balões.
Na ementa, sardinhas assadas, febras e entremeadas com salada; para beber, cerveja, sangria e vinhos tintos...
Adorei o jantar, o ambiente era francamente familiar, todos se conheciam mas o melhor ainda estava por vir... Assim que terminou o jantar o Fernando (perdoem-me a informalidade, mas todos se tratavam por “tu”) sacou da viola e começaram os fados, fado vadio como é bom de imaginar.
Foi uma noite como não passava há muito, fados à desgarrada, desgraçadinhos e de amor, com morte alegrias e dor! A Mena acompanhava a viola e todos riam, batiam palmas e cantarolavam no refrão. Uns “Ah Fadistaaa!” entremeados com outros tantos “Tá muito alto oh Fernannndoo!” fizeram a alegria da noite, com algumas anedotas pelo meio para a fadista recuperar a voz...
Saí de lá revigorado e cheguei a casa a sorrir. Foi a melhor noite de São Pedro que podia ter tido.
Fiz as minhas orações e deitei-me.
Adormeci e sonhei com o arraial e com Mena, que cantou fados toda a noite no meu sonho.
E perguntam os meus leitores:

Que tem esta história de esotérica ou pertinência espiritual? Não é este um blog pretensamente espiritualizado?

Não há nada de esotérico nem de espiritual, mas a vida é feita de pequenos momentos e aquele momento encheu-me o coração.
São as coisas simples da vida que às vezes nos trazem pequenas grandes alegrias e nos fazem acreditar que a felicidade e a alegria estão onde nós as quisermos encontrar...
Rei Sapo

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