15 agosto 2010

O Caminho Mágico de Santiago


Quem se aventura no mágico caminho de Santiago cedo se apercebe que se iniciaram dois caminhos, o caminho físico e o caminho interno... O caminho físico faz-nos andar, um passo de cada vez e ao ritmo do corpo, seguindo sempre em frente até atingir o transe dos passos ritmados que nos permite aceder às portas do caminho interno... quando o cansaço do corpo chega ao seu limite o transe começa e a mente liberta-se! É ai que começa o caminho interno, que surgem as respostas às nossas dúvidas e numa fracção de segundos se faz LUZ...

É caminhando que se faz o caminho! O caminho é único para todos os que o percorrem, dá as respostas que cada um procura, mostra-se consoante os propósitos que cada um leva...

Mostra-nos a LUZ e as nossas próprias SOMBRAS, pois somos a integração de ambas as coisas... e quem não quiser ver a sua sombra nunca verá a luz no seu esplendor máximo.

Há caminhos sinuosos, perigos, sombras, desolação, morte e finalmente um renascimento luminoso ímpar, que nos faz ver o mundo de uma forma totalmente nova, porque também nós, renascidos, temos novos olhos para ver o mundo e principalmente para nos vermos a nós mesmos, para nos ouvirmos, para ouvir o nosso eu interior, para seguir a nossa intuição, para escutar o coração, para ouvir e respeitar o nosso corpo, as nossas limitações humanas, próprias da encarnação que aceitámos viver, sem vergonhas nem culpas porque somos HUMANOS.

Pelos caminhos de Santiago andei, descansei, partilhei, rezei, sorri, cantei, agradeci as muitas bênçãos recebidas e chorei...

Sete dias depois, 280 Km percorridos e algumas bolhas nos pés cheguei às portas da grande catedral. Era noite! O grande caminho de estrelas brancas brilhavam no Céu. A imensa Via Láctea dava-me as boas vindas... chegámos!!!




01 agosto 2010

A caminho de Santiago



Há já algum tempo que a ideia de fazer o Caminho de Santiago andava a ganhar forma na minha mente. Tinha comentado com alguns amigos que gostava de me lançar à "aventura" e eis que a oportunidade surge, quase que por acaso, se eu acreditasse em acasos... Um amigo de uma amiga estava a organizar a caminhada e convidou-a, ela convidou-me a mim e quis o destino que tudo se proporcionasse. Um grupo de 5 pessoas, todos ligados às terapias ditas alternativas, que a meu ver, são muito mais que isso... são as terapias da alma e do coração!
Mochila às costas, ténis de caminhada, Bordão, Cabaça e Vieira, como convém a um peregrino e lá vamos nós, pelo caminho português da porta da Sé do Porto, até Santiago de Compostela, com partida marcada para a madrugada de dia 4 de Agosto.
Até breve...

23 junho 2010

Mais uma noite de São João


Hoje saí à rua a cantarolar porque é noite de São João!

Estava com esperança de encontrar uma fogueira num dos páteos alfacinhas, mas nem balão nem fogueiras de São João!!

Nenhuma das travessas, páteos ou ruelas da Penha de França até à Graça... Nenhuma!

Que se passa com os bairros típicos de Lisboa?... A noite caia fresca e voltei para casa, sem manjerico nem balão, mas ainda assim apetece-me cantarolar vivas a São João!...

15 fevereiro 2010

A dinâmica dos relacionamentos



Ontem foi dia dos namorados e com ele a reflexão sobre esta coisa estranha chamada relacionamento e amor...
O que é o amor afinal? Porque é que toda a gente vive em busca de um relacionamento???
Desta vez acho que fiz uma abordagem pragmática, clara e esclarecedora... Nada de dados científicos nem explicações sociológicas, é muito simples, todos buscam um relacionamento, porque este é fonte de energia... Confusos?Passo a explicar...

Parte I - O encantamento

O amor é cego e louco, isso todos nós sabemos de cor e salteado (por vezes nem tão cego, nem de todo louco, mas isso são contas de outro rosário, aqui só vou tratar do verdadeiro “amor”, do tal que é cego, quase surdo e muito louco), e porquê? Porque o que nos atrai é a energia daquele ser especial que provém da sua conexão consciente ou subconsciente à Energia Vital do Universo. É essa abundância de energia que atrai os outros. Aquela energia que não se vê mas que se sente, aquele calor que sobe pelo corpo e num ápice já nos domina... A energia que nos toma os sentidos, nos tolda os pensamentos e nos faz ir até ao fim do mundo... Sem querer saber de mais nada só queremos estar com a pessoa, só pensamos nela, esquecemos a aparência, deixamos de ver se é bonita ou feia, alta, baixa, magra, gorda ou desajeitada…só vemos o que de bom essa pessoa nos faz sentir e viver! Depois vem a outra face da moeda, será que essa pessoa também sente o mesmo por nós? Será que também nós estamos conectados com a fonte e somos possuidores dessa energia fantástica que atrai os outros como aquele ser nos atrai a nós? Se sim, dá-se o fenómeno extraordinário, o sentimento é recíproco, 1+1 é igual a relacionamento, relacionamento igual a sexo, sexo igual a canal privilegiado de energia que nos une ao outro, ao planeta e ao divino!!

Parte II - O desencanto

Mas se esta energia é extraordinária e nos faz sentir nas nuvens, porque é que os relacionamentos se desmoronam? Porque à medida que vamos conhecendo melhor o outro percebemos que o ser divino pelo qual nos apaixonámos é afinal um ser humano, com muitas virtudes e defeitos, e quanto mais e melhor conhecemos os seus defeitos mais tendência temos para fazer comparações, com os outros e consigo mesmo. Numa 1ª etapa colocamos o ser antes endeusado ao mesmo nível que nós, depois à medida que encontramos mais defeitos e que eles vão ganhando peso começamos a ser menos tolerantes, as pequenas coisas que não víamos , passam a ser irritantes, começa a haver desgaste e ai o ego fala mais alto e diz, afinal eu sou melhor, porque nunca vemos os nossos defeitos e se vêmos somos indulgentes comnosco. O outro deixa de ser um meio de potenciar a energia que temos ao nosso alcance através da parceria estabelecida, embrenhamo-nos nos assuntos do dia a dia, trabalho, família, filhos, casa, contas e mais contas… a união feliz dá lugar a negociação de interesses e agenda comum. Depois as discussões por tudo e por nada, o ver quem faz mais ou menos, quem tem razão, quem está mais cansado, quem é mais merecedor… Deixa de haver partilha energética, o canal privilegiado que antes dava acesso a um turbilhão de energia, deixa de o ser, pois no egoísmo de quem não se dá ao outro, de quem não se entrega inteiramente ao universo que os une, transforma-o em forma mecânica de satisfação imediata onde quem pretende toda a energia para si mesmo, nada retira da fonte infinita do universo. O relacionamento passa a ser uma luta cerrada por um bem que no início era abundante e gratuito e que passou a ser escasso – Energia. Como é cada vez mais dificil estar conectados com a fonte, vivem para roubar a energia do parceiro e isto é a ruína de qualquer relacionamento, quer ele termine em separação, quer se viva o resto da vida numa relação infeliz. Se há separação o ciclo recomeça, se a conveniência, comodismo ou a falta de coragem têm mais peso que a infelicidade, há traição, raiva ou pequenas vinganças diárias que transformam a vida em comum num inferno e levam as pessoas à loucura…

Parte III - A ilusão

E se o sentimento não for recíproco à partida? Bom, das duas uma, ou não possuímos a tal energia catalisadora ou a outra pessoa não está disposta a ceder a sua própria energia, porque sente no outro um vampiro energético que não estando conectado à fonte universal quer apenas obter a energia de que carece através de si e aí nada feito...
Começam mais chatices, pelo menos para uma das partes interessadas, e o amor que já era cego e louco, transforma-se em ilusão, obsessão doentia capaz de todas as loucuras até se autodestruir e destruir o outro caso surja oportunidade.