É conhecida a história mitológica de Quiron, filho de Saturno e de uma ninfa, que um dia é acidentalmente ferido por Hércules. Quiron é imortal logo a sua ferida transforma-se num tormento diário, um caminho de aprendizado onde o objectivo é o domínio sobre a obscuridade interior.
Todos nós temos algo de Quiron, uma ferida que ou nasce connosco ou nos é provocada por terceiros;
- mágoas, ressentimentos, ódios, amores mal curados, solidão, vazio, incompreensão, ausência de objectivos, inferioridade, ansiedade, necessidade de amor... (poderia continuar)
Acontece que Quiron farto de sofrer, resolve trocar a sua imortalidade pela vida de Prometeus.
O seu sacrifício liberta-o...
Quantos de nós não fazemos diariamente este percurso!? Levando as costas as nossas feridas, procuramos alguém com que nos possamos sacrificar, trocar a vida pela liberdade e ausência de sofrimento, porém não o conseguimos fazer, porquê?
Porque Quiron ao sacrificar-se esqueceu-se que era Prometeu que deveria ser castigado, era ele que devia passar pelo seu aprendizado.
Assim todos nos vivemos esta relação Quiron-Prometeus. Um quer-se sacrificar e o outro acarreta culpas em si. Quem opta pelo papel de Quiron, age como salvador, curador, pai ou mãe. Quem age como Prometeus anseia ser poupado da morte, mas leva consigo uma necessidade de ser castigado, maltratado, ferido até que a sua morte também aconteça.
Um dia acontece algo imprevisto, Prometeus torna-se Quiron, expia as suas culpas e também ele sacrifica a sua vida em favor de outro. De culpado passa a salvador...