22 março 2006

As coisas nem sempre são o que parecem

Ontem o meu carro foi assaltado pela segunda vez, perto do sítio onde há uns meses já tinha acontecido a mesma coisa. Estranhamente e ao contrário do que sucedeu da primeira vez fiquei calmo e com a certeza de que tinha sido a mesma pessoa, porque em tudo foi semelhante ao primeiro assalto. Estragaram o canhão da fechadura do carro, remexeram o porta-luvas e não levaram nada. À noite, enquanto fazia as minhas orações apelei à lei do retorno. Que a ser verdade que todas as nossas acções desencadeiam um retorno 3 x maior que a força que o desencadeou, então que pessoa que me estragou o carro tivesse um retorno rápido, e que soubesse o porquê do castigo. Ao formular estes pensamentos não me saiu da cabeça a ideia de que isto tinha acontecido para evitar um mal maior, que eu tinha sido protegido, e que o desgraçado tinha sido mero instrumento de uma força maior! Com estes pensamentos reformulei o pedido, e que a ser isto verdade, o pobre diabo fosse perdoado.

Entretanto recordei a história de dois Anjos que já tinha lido há muito tempo e que agora partilho convosco. Espero que gostem.

Dois Anjos disfarçados de peregrinos pararam para passar a noite e repousar na casa de uma família muito rica. A família era rude e não permitiu que os Anjos ficassem no quarto de hóspedes da mansão. Em vez disso, disponibilizaram um espaço pequeno no frio sótão da casa. À medida que eles faziam a cama no chão do sótão, o Anjo mais velho viu um buraco na parede e tapou-o. Quando o Anjo mais jovem perguntou: porquê?, ele respondeu: "As coisas nem sempre são o que parecem".
Na noite seguinte, os dois Anjos foram descansar na casa de um casal muito pobre, mas o senhor e sua esposa eram muito hospitaleiros. Depois de partilhar a pouca comida que tinham, o casal permitiu que os Anjos dormissem na sua cama onde eles poderiam ter uma boa noite de descanso. Quando amanheceu, os Anjos encontraram o casal banhado em lágrimas. A única vaca que eles tinham, e cujo leite havia sido a sua única entrada de dinheiro, jazia morta no campo. O Anjo mais jovem parecia triste e desapontado e perguntou ao mais velho: "Como é que permitiu que isto acontecesse? O primeiro homem tinha de tudo e, no entanto, você ajudou-o". "A segunda família tinha muito pouco, mas estava disposta a partilhar tudo, e você deixou que a vaca morresse".

"As coisas nem sempre são o que parecem," respondeu o Anjo mais velho. "Quando estávamos no sótão daquela imensa mansão, notei que havia ouro naquele buraco da parede. Como o proprietário estava obcecado com a avareza e não estava disposto a partilhar a sua boa sorte, fechei o buraco de maneira que ele nunca mais o encontrasse."
"Depois, ontem à noite, quando dormíamos na casa da família pobre, o anjo da morte veio em busca da mulher do agricultor. E eu lhe dei a vaca em seu lugar.

As coisas nem sempre são o que parecem quando não saem à nossa maneira. Se tivermos fé, podemos confiar que o que quer que nos aconteça, será o melhor para nós. E talvez só venhamos a compreender isto muito mais tarde…


2 comentários:

Anónimo disse...

Querido Rei sapo!

Gostei muito desta pequena história, realmente nem tudo o que pareçe é, e quantas vezes só mais tarde percebemos a extensão dos nossos actos

Anónimo disse...

ya ya ya pois pois pois....grande desculpa!