15 fevereiro 2010

A dinâmica dos relacionamentos



Ontem foi dia dos namorados e com ele a reflexão sobre esta coisa estranha chamada relacionamento e amor...
O que é o amor afinal? Porque é que toda a gente vive em busca de um relacionamento???
Desta vez acho que fiz uma abordagem pragmática, clara e esclarecedora... Nada de dados científicos nem explicações sociológicas, é muito simples, todos buscam um relacionamento, porque este é fonte de energia... Confusos?Passo a explicar...

Parte I - O encantamento

O amor é cego e louco, isso todos nós sabemos de cor e salteado (por vezes nem tão cego, nem de todo louco, mas isso são contas de outro rosário, aqui só vou tratar do verdadeiro “amor”, do tal que é cego, quase surdo e muito louco), e porquê? Porque o que nos atrai é a energia daquele ser especial que provém da sua conexão consciente ou subconsciente à Energia Vital do Universo. É essa abundância de energia que atrai os outros. Aquela energia que não se vê mas que se sente, aquele calor que sobe pelo corpo e num ápice já nos domina... A energia que nos toma os sentidos, nos tolda os pensamentos e nos faz ir até ao fim do mundo... Sem querer saber de mais nada só queremos estar com a pessoa, só pensamos nela, esquecemos a aparência, deixamos de ver se é bonita ou feia, alta, baixa, magra, gorda ou desajeitada…só vemos o que de bom essa pessoa nos faz sentir e viver! Depois vem a outra face da moeda, será que essa pessoa também sente o mesmo por nós? Será que também nós estamos conectados com a fonte e somos possuidores dessa energia fantástica que atrai os outros como aquele ser nos atrai a nós? Se sim, dá-se o fenómeno extraordinário, o sentimento é recíproco, 1+1 é igual a relacionamento, relacionamento igual a sexo, sexo igual a canal privilegiado de energia que nos une ao outro, ao planeta e ao divino!!

Parte II - O desencanto

Mas se esta energia é extraordinária e nos faz sentir nas nuvens, porque é que os relacionamentos se desmoronam? Porque à medida que vamos conhecendo melhor o outro percebemos que o ser divino pelo qual nos apaixonámos é afinal um ser humano, com muitas virtudes e defeitos, e quanto mais e melhor conhecemos os seus defeitos mais tendência temos para fazer comparações, com os outros e consigo mesmo. Numa 1ª etapa colocamos o ser antes endeusado ao mesmo nível que nós, depois à medida que encontramos mais defeitos e que eles vão ganhando peso começamos a ser menos tolerantes, as pequenas coisas que não víamos , passam a ser irritantes, começa a haver desgaste e ai o ego fala mais alto e diz, afinal eu sou melhor, porque nunca vemos os nossos defeitos e se vêmos somos indulgentes comnosco. O outro deixa de ser um meio de potenciar a energia que temos ao nosso alcance através da parceria estabelecida, embrenhamo-nos nos assuntos do dia a dia, trabalho, família, filhos, casa, contas e mais contas… a união feliz dá lugar a negociação de interesses e agenda comum. Depois as discussões por tudo e por nada, o ver quem faz mais ou menos, quem tem razão, quem está mais cansado, quem é mais merecedor… Deixa de haver partilha energética, o canal privilegiado que antes dava acesso a um turbilhão de energia, deixa de o ser, pois no egoísmo de quem não se dá ao outro, de quem não se entrega inteiramente ao universo que os une, transforma-o em forma mecânica de satisfação imediata onde quem pretende toda a energia para si mesmo, nada retira da fonte infinita do universo. O relacionamento passa a ser uma luta cerrada por um bem que no início era abundante e gratuito e que passou a ser escasso – Energia. Como é cada vez mais dificil estar conectados com a fonte, vivem para roubar a energia do parceiro e isto é a ruína de qualquer relacionamento, quer ele termine em separação, quer se viva o resto da vida numa relação infeliz. Se há separação o ciclo recomeça, se a conveniência, comodismo ou a falta de coragem têm mais peso que a infelicidade, há traição, raiva ou pequenas vinganças diárias que transformam a vida em comum num inferno e levam as pessoas à loucura…

Parte III - A ilusão

E se o sentimento não for recíproco à partida? Bom, das duas uma, ou não possuímos a tal energia catalisadora ou a outra pessoa não está disposta a ceder a sua própria energia, porque sente no outro um vampiro energético que não estando conectado à fonte universal quer apenas obter a energia de que carece através de si e aí nada feito...
Começam mais chatices, pelo menos para uma das partes interessadas, e o amor que já era cego e louco, transforma-se em ilusão, obsessão doentia capaz de todas as loucuras até se autodestruir e destruir o outro caso surja oportunidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Felizmente nem todos acabam no desencanto, apesar de o desencanto ocasional fazer parte de, diria, quase todos os relacionamentos que duram algum tempo... Quando se tem a sorte de estar com "aquela" pesssoa, mesmo no meio de uma discussão, damos connosco a pensar e às vezes a dizer "eu gosto tanto de ti, não quero discutir mais..." e a fúria dá lugar ao enternecimento e à compreensão. Fica bem.