22 junho 2020

O Sentido da Vida


O lema "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre" de Allan Kardec foi sempre inspirador para mim. 
Em 2018 quando encontrei a medicina xamanica muitas coisas mudaram e a perspectiva filosófica da vida foi uma delas. 
O retiro de 4 dias representou 40 anos de profunda terapia, fiz Ayahuasca, Kambó e Bufo Alvarius que são medicinas diferentes mas complementares, e juntas num periodo de poucos dias operaram um verdadeiro milagre em mim. Depois deste retiro abriram-se portas diferentes no meu caminho, surgiram novas perguntas e algumas respostas, mas o "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre" continuava misterioso...
Após este retiro nas minhas pesquisas e leituras na internet deparei-me com o autor Óscar Mateo e uma série de conferencias suas no Youtube que falavam de Phowa, uma técnica de meditação tibetana inspirada no "Livro Tibetano dos Mortos" e comprei o livro, que recomendo. Depois de ler o livro fiquei com vontade de aprofundar o tema e li a versão espanhola do "Livro Tibetano dos Mortos", a versão portuguesa está à muito esgotada na editora. O livro é uma autentica pérola mas a real tradução de Bardo Thodol como é conhecido em tibetano deveria ser: A Libertação (do ciclo de reencarnação) através da audição e compreensão no estado intermédio (depois da morte e antes do espirito voltar a reencarnar).
No Budismo tibetano acredita-se que o ultimo sentido que o falecido perde é a audição e por isso durante 49 dias lêem o livro tibetano dos mortos em voz alta, primeiramente na presença do corpo e até que este seja cremado, como instruções que o espirito pode ouvir claramente. Para os espíritos que ao ouvir as instruções compreendem a sua natureza divina e a natureza da sua própria mente, a libertação do ciclo de morte e reencarnação é imediata. Os que mesmo ouvindo as instruções não as compreendem voltam a reencarnar. A partir deste momento a meditação Phowa, que pode fazer-se para um ente querido falecido ou para nós mesmos em preparação do momento da nossa própria "partida", ganha toda uma outra dimensão. Li e reli ambos os livros, pratico Phowa e a minha noção do "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre" mudou substancialmente.
E porque é que comecei a falar de medicina xamanica neste post? Porque entre outras coisas, quando fiz Bufo Alvarius no retiro que mencionei, o meu espirito saiu momentaneamente do meu corpo físico e foi levado a um lugar de cor branca, um branco impar, intenso e de um silencio e paz infinitos, onde me sentia em casa. Lembro-me de ter escutado o coração a bater no peito um "último" tum tum e ter pensado, morri e esta é a minha verdadeira casa, tão bommmm! Após este pensamento fui trazido de volta ao corpo físico e fui despertando... Depois desta experiência fiquei verdadeiramente em paz comigo mesmo e em relação à morte!
A libertação no livro tibetano dos mortos é descrita como o fundir-mo-nos com a "clara luz branca indivisível" onde moram todos os seres iluminados ou budas e não podia haver melhor descrição para o que vi e senti na experiencia com o Bufo Alvarius.
Continuo a acreditar que o sentido da vida é "progredir sempre" mas vejo a morte com outra perspectiva e a libertação ao alcance da compreensão do sentido da vida.

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